tudo o que temos: um "pálido ponto azul"
​
Habitar mundo é permitir afetar e ser afetado, numa troca, consciente e contínua, por fluxos ininterruptos. Ser atravessado pelo que surge, e, no mesmo instante, devolver uma parte transformada – a uma pessoa, a um lugar, a um pensamento, a uma ideia...
A perceção não é espelho da verdade, antes extensão para uma possível transformação. Um entrelaçamento de dinâmicas inacabadas, consciência que, simultaneamente, se revela e se invisibiliza – por intuição mais do que certeza!
O que se procura quando se deseja clareza ou compreensão? Tempo, talvez! Uma suspensão... para que os sentidos (e o sentir) possam conectar-se ao sentido.
Habitar mundo é, pois, ser-entre, pelo impulso de um atravessamento que permita a mudança, reconhecendo que, num “pálido ponto azul”, somos ato e efeito do infinito que queremos alcançar.
(só possível pela leitura do texto original "A pale blue dot" (O pálido ponto azul), 1994, de Carl Sagan, publicado por Random House, a partir da imagem homónima captada pela sonda voyager 1, NASA, 1990)
​